quarta-feira, 14 de julho de 2010


Mate seus sentimentos, destrua suas esperanças, viva sua vida de aparências por coisas que você nunca quis, por pessoas que deviam te entender, te acolher, chore nas madrugadas, brigue ao meio dia, faça outras pessoas sofrerem com suas atitudes iguais as de quem te fez o mesmo, esqueça que tem coração, acabe com os sonhos dos outros, dispare comentários hipócritas, faça críticas repressoras, tente mudar a si mesmo. E quando não conseguir chore, sofra, tente fazer as coisas às escondidas, locais escuros, becos, arme jantares de negócios, se perca nos corpos, se encontre nos lábios, grude nos corpos, sinta o cheiro, perca o fôlego. No fim, sinta-se vazio, volte à sua vida de mentiras, sem sentimentos, sem dores, sem amores. Dores e amores parecem andar lado a lado, pessoas parecem viver oscilando entre momentos de amor e momentos dolorosos, roupas escuras, cara fechada, pronto pra atacar qualquer pessoa que te der um sorriso. Sofrer parece normal, não sentir nada por ninguém, arrogância, intolerância, querer que todo mundo que você odeia e acha fútil caia num buraco negro, nada é normal. Você aos poucos vai mudando. Faculdade, novos amigos, mais álcool, novas drogas, sexo, muito sexo, quer mudar o corpo, quer mudar as roupas, quer se sentir parte de algum dos grupinhos que se formam, você é popular e nem se dá conta que as pessoas te olham e te cumprimentam quando você passa, você conhece alguém que te faz parar e tentar mudar, construir algo junto, sentir um pouco do que chamam de felicidade, se entregar, se jogar e cair com a cara no chão, sentir a dor invadir tudo outra vez, lembrar do quanto você já foi ruim no seu mundo sombrio e cheio de ódio, vontade de sair pela cidade e quebrar tudo que aparecer pela frente, roupas escuras outra vez agora acompanhadas por lágrimas, as lágrimas que você nunca permitiu que caíssem, mas que agora você já não consegue segurar. Quanto vale a sua vida? De quantas coisas você abre mão? Será que a felicidade de uns tem que ser a tristeza do outro? Equilíbrio natural? Pra um nascer outro tem que morrer? Será que é mesmo isso, será que é esse o equilíbrio? Tudo que você sonhou acabou, quebrou em milhões de fragmentos, nada mais vai se recuperar, nada mais será como antes e tudo se resume a lágrimas, dor e mais lágrimas.

Às vezes eu me encontro sentado e lembrando. Especialmente quando tenho que ver outras pessoas se beijando, e lembro de quando você começou a me chamar de seu. Todas brigas que tivemos, todas os flertes... Eu contei pra você histórias tristes da minha infância, e não sei por que confiei em você, mas eu sabia que podia. Nós passávamos todos os finais de semana na nossa própria sujeira; Eu era tão feliz no meio das suas roupas íntimas e blusas... Sonhos de quando nós só tínhamos começado as coisas, sonhos de mim e você. Parece que eu não posso jogar fora essas memórias, eu imagino se você tem os mesmos sonhos que eu. Bebendo chá na cama e assistindo DVD's, todas as suas revistas nojentas, você me levou pra fazer compras e tudo que compramos foi um tênis como se alguma vez precisássemos de alguma coisa pra nos divertir. A primeira vez que me apresentou à seus amigos, você poderia dizer que eu estava nervoso, então segurou minha mão, quando eu não estou bem você faz aquela cara. Ninguém no mundo pode te substituir... As pequenas coisas que me levam até lá, eu sei que isso parece bobagem, mas é tão real. Eu sei que não é certo, mas parece injusto que as coisas me lembrem de você. Às vezes eu queria que nós pudéssemos só fingir, mesmo se fosse só por um fim de semana. Então venha, me diga: isso é o fim?