quarta-feira, 24 de abril de 2013

"- Você… não… me quer? - experimentei dizer, confusa pelo modo como as palavras soavam, colocadas nessa ordem. 
- Não. 
Eu olhei, sem compreender, nos olhos dele. Ele me fitava de volta sem desculpas. Seus olhos eram como topázio - duros, claros e muito profundos. Eu parecia poder enxergar dentro deles por quilômetros, e, no entanto, em nenhum lugar nas profundezas sem fim conseguia ver uma contradição para o que ele acabara de dizer.
- Bom, isso muda tudo. - Fiquei surpresa ao ver como minha voz parecia calma e razoável. Devia ser porque eu estava cem por cento entorpecida. Não conseguia entender o que ele me dizia. Ainda não fazia sentido algum.
Ele desviou os olhos para as árvores ao voltar a falar.
- É claro que sempre a amarei… de certa forma. Mas o que aconteceu na outra noite me fez perceber que está na hora de mudar. Porque… estou cansado de fingir ser uma coisa que não sou. - Ele voltou a me olhar, e a superfície gelada de seu rosto perfeito não era humana. - Permiti que isso durasse tempo demais, e lamento.
- Não lamente. - Agora minha voz era só um sussurro; a consciência começava a me invadir, gotejando como ácido em minhas veias. - Não faça isso.
Ele simplesmente olhou para mim, e em seus olhos eu pude ver que minhas palavras chegaram tarde demais. Ele tinha feito."

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